Por Maria das Graças
Cabral
Um dos motivos causadores de constantes
conflitos sociais tem por objeto a busca irrefreável do indivíduo pelo domínio das
“coisas”. Desde a mais remota
antiguidade, a história nos faz rever os homens guerreando para assenhorear-se
das terras dos povos vencidos, com o intuito de expandir seu território e seu
poder. Oportuno observar que o vencedor além do território ocupado, se
apoderava das mulheres, escravos, animais, joias, e até dos “deuses” protetores
das cidades dos povos derrotados.
O tempo passa e os conflitos motivados
pelo “ter” permanecem constantes e exacerbados. Atualmente continuamos vivenciando
a ocupação da propriedade privada ou pública através de invasões, muito
comumente pautadas na violência ou na clandestinidade. Diante desse cenário caótico,
facilmente identifica-se a busca incessante do indivíduo por apossar-se das coisas
úteis e valiosas, utilizando-se para isso dos mais diversos meios (legais ou ilegais).
No que concerne à propriedade
privada, oportuno relembrar que por muito tempo o ordenamento jurídico
brasileiro amparava o seu caráter absoluto e perpétuo que se concentrava nas
mãos de poucos latifundiários também detentores do poder político do país.
Não obstante, com o passar do tempo
ocorreu significativa mudança nos costumes, mexendo em conceitos arraigados ao
colonialismo e ao patriarcalismo, e que alterou de forma substancial a legislação
pátria. Na realidade, houve uma busca por adequação a uma nova realidade
social, posto que, a codificação civil estava em verdadeiro descompasso até
mesmo com a Constituição Federal.
Oportuno relembrar que as
revoluções e guerras trouxeram em seu rastro grandes mudanças comportamentais e
avanços tecnológicos. E com eles, a criação de grandes parques industriais que
atraíam multidões de homens e mulheres na busca de trabalho. Essas multidões formadas
por indivíduos advindos das mais diversas localidades levaram ao “inchaço”
populacional concentrado nos centos urbanos. Na realidade as cidades não
estavam preparadas para abrigar tão grande população, provocando um grande
déficit habitacional que até os dias de hoje se faz sentir.
Há algum tempo, o Poder Público vem tentando resolver
o problema, investindo em políticas públicas voltadas à moradia. O ordenamento
jurídico brasileiro objetivando dar condições à aplicabilidade de tais projetos
habitacionais, traz várias modalidades de usucapião, como p. ex. a usucapião
constitucional urbana, pro moradia, a
rural, pro labore, bem como a
usucapião coletiva, disciplinada pelo Estatuto da Cidade, que tem por escopo a
regularização da propriedade de moradores de favelas e cortiços. Recentemente a
Lei de Regularização Fundiária normatizou a usucapião extrajudicial, além da
concessão de direito real de uso para fins de moradia, numa busca incessante
pela efetivação do princípio constitucional da função social da propriedade.
Por outro lado, importante ressaltar
o trabalho desenvolvido no âmbito do sistema registral imobiliário brasileiro, objetivando
alcançar a presunção juris et de júri
de veracidade do que está posto nos livros registrários e a realidade fática dos imóveis registrados.
Por conseguinte, o resultado será uma real segurança para os negócios jurídicos
que envolvam imóveis registrados.
Diante dessa rápida digressão, e
das infinitas possibilidades de abordagem envolvendo as mais diversas questões
que envolvam posse e propriedade imóvel, foi criado o Blog Posse & Propriedade, que será alimentado por artigos da
autoria de acadêmicos de Direito, como de professores e estudiosos apaixonados
pelo assunto.
O objetivo do blog é levar ao público em geral
questões doutrinárias e jurisprudenciais que envolvam os institutos da posse e
da propriedade privada de imóveis, bem como os seus conflitos, que muito
comumente resultam em grandes lides judiciais.
Sejam bem vindos ao Blog Posse & Propriedade!
Maria das Graças Cabral Galdino. Professora nas turmas de Graduação da Universidade de Fortaleza - UNIFOR, de Direito das Coisas, Imobiliário, Notarial e Direito Civil - Parte Geral. Professora de Direito Notarial e de Protesto de Títulos e Documentos nas turma de Especialização em Direito Imobiliário, Notarial e Registral na Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Professora e pesquisadora nas áreas de Direito Civil. Especialista em Direito Imobiliário, Notarial e Registral.
Parabéns pela iniciativa teacher! Mais um instrumento para discussão e epesquisa se forma agora. Grande abraço
ResponderExcluirCelma Chaves Taveira